sábado, 29 de maio de 2010

Trecho 5

-Eu quero você assim.
Sorri e ela beijou a palma da minha mão.
-Você não deveria me querer.
-Nós não escolhemos por quem apaixonar.
Estaquei. Essas eram as minhas palavras. O meu sentimento, só que ao contrario dela, eu não mergulhei nessa paixão de cabeça, ela parecia disposta a aceitar tudo. Eu precisava ir embora agora mais do que nunca. Se não estaria tudo perdido. Mas eu queria lhe dar esperança. Apaguei o cigarro no cinzeiro.
- Sonhe com os dias que virão. Quando eu não terei que te deixar sozinha.
Ela me encarou. Vazia novamente.
-Você vai agora?
-Sim.
-Você vai voltar?
Eu não poderia responder a isso e acho que ela entendeu. Tirei uma nota da jaqueta de couro que daria para pagar mais cinco cervejas e coloquei na mesa. Ela se levantou assim como eu. Cheguei tão perto que consegui sentir seu coração. Segurando um lado do seu rosto e com a outra a sua mão lhe dei um beijo na testa. E antes que ela pudesse reagir, eu já estava na rua, seguindo o caminho contrário à lua.

Trecho 4

-Eu? Nada. Realmente não tenho nada a ver com isso, nem com a sua felicidade, nem com o efeito que suas palavras irão surgir. Mas você tem. E você está jogando fora a oportunidade que a vida lhe ofereceu ao colocar aquela garota no seu caminho. Está jogando fora a oportunidade de ser alguém bom. De ser você mesmo. E além de tudo, está magoando aquela que nada tem a ver com seu conflito interior. E eu sei que feri-la é pior do que lhe ferir. Não deixe as portas se fecharem para você Ethan. Corra atrás do que quer no fundo e o agarre para nunca mais soltar. Volte aposto que ela está lá, como se tivesse lhe olhando ainda, abobalhada...
Eu é que estava abobalhado. Uma lagrima cismava em cair. Pisquei para me livrar dela. Sem dizer uma palavra, dei as costas e voltei para o lugar o qual eu nunca deveria ter saído.

Trecho 3

Ela começou a retirar o excesso de maquiagem deixando apenas um batom vermelho naqueles imensos lábios. Seu cabelo, agora pude ver que era de um vermelho desbotado, estavam soltos. Sem avisar nem pestanejar ela começou a se despir. Meu coração acelerou e eu ofeguei. Se estivesse na minha condição normal ficaria ali parado, mas perante tamanha delicadeza eu achei um pecado violar a frágil humana. Estaquei num impulso com a coluna em posição horizontal. Depois de algum curto tempo resolvi arriscar olhar. Ela estava acabando de abotoar um longo e quente, sobretudo preto e calçando sapatos da mesma cor. Se eu á visse pela primeira vez agora, pensaria que ela era uma estudante quase comum dentro daquelas roupas. Sem saber que aquele brilho visto antes estava ali pulsando em sua pele incrivelmente branca. Calçando as luvas ela saiu do camarim.

Trecho 2

Ah, era disso que eu gostava, essas palavras foram suficientes para fazer a irritação fluir como veneno no meu sangue e meus músculos se enrijecerem. Com a mão livre do cigarro, segurei o braço do sujeito de modo que ele não conseguiu move-lo. Com o olhar eu paralisei sua mente o impedindo não de sentir dor, mas de gritar ou mudar a expressão facial. Uma onda de energia que fazia minhas veias quase explodirem passou por todo o meu corpo, quem visse os meus olhos se assustariam eles deveriam ter mudado do azul do oceano para o negro da noite. Meus lábios se tornavam mais vermelhos e os meus músculos mais definidos, eu precia estar ganhando uma beleza divina, mas era demoníaca. A energia do homem já estava quase extinta e eu estava pronto para a ultima onda até que a musica parou e homens descontrolados começaram a respirar mais forte a alguns a suar. Eu sentia o cheiro de tudo isso, ouvia a respiração de cada indivíduo, mas eu estava procurando a de um em especial. Escutei a respiração de Annie soando como ondas do mar. Pensando somente nela, queimei de raiva, por uma criatura inferior a mim me fazer tão vassalo de sua presença, e de desejo. Ouvi sua risada e virei à cabeça tão veloz que olhos comuns não acompanhariam. Soltei o braço do homem quase desfalecido que caiu na poltrona inconsciente.

Trecho do meu livro.

Eu não sabia muito bem como terminar a noite. Só precisava de algo quente, algo verdadeiramente bom. Até agora estava tudo na zona do meu descontentamento. Chutei uma lata de lixo perdida no beco escuro. Como seria satisfatório que algum infeliz me desse um motivo para dissipar sua vida. Ah, essas coisas não aconteceriam agora, a noite estava muito fria para pessoas normais ficarem procurando confusões nas ruas. Deixei meus pensamentos vagarem a procura de alguma coisa interessante.
Com uma ocorrida idéia um sorriso falso se crispou em meus lábios. Eu sabia aonde ir, sabia onde encontrar humanos bêbados e inconseqüentes, dispostos a arrumarem brigas com qualquer entranho que lhes interferisse no caminho. Ao contrário dos meus irmãos, eu não sentia nenhum prazer em acabar com vidas inocentes. Eu só matava aqueles que me causavam algum incomodo. Isso deveria contar como algo bom. Eu acho.
Acendi um cigarro e pulei agilmente para cima do telhado de uma grande construção retangular. Isso era realmente estranho, não era típico meu, a minha raça não ia a casas noturnas. Eram poucos dos meus que gostavam de brincar com fêmeas humanas. Nojentas, era assim que eu as via. Último grau.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Esperança

Segurança. É esse o seu problema. Eu te mimei demais, te fiz confiar que o meu amor sempre estaria ali pronto para lhe acolher, lhe acomodar e fazer-te feliz. Declarei-me muito, humilhei o meu orgulho ao dizer que lhe queria a qualquer instante e que você poderia largar tudo ou nada, mas eu estaria te esperando. Então você sabe, sempre saberá que eu sempre estarei aqui ou lá, perto ou longe, mas sempre contigo. Não importa o que faça, o que aconteça, que se passe, que se morra, vai apoiar-se em mim quando quiser. Não quando eu quiser.
Eu só queria poder dizer por um instante que sou eu que decido quem vence e quem perde. Quando se ama ou quando se ignora. Quem vai embora ou quem fica. Quem sofre ou quem se alegra.
Eu só queria poder dizer que eu venci e que eu vou embora, mas infelizmente a esperança ainda existe. E ela só vai embora quando todo o resto for e eu sei que o meu amor, se for verdadeiro não partirá então a esperança prevalecerá.

Doa-se a vida, poupa-se a morte

Quando eu morrer quero ser cremada. Mas não antes de ter cada órgão possível doado. Quero me livrar de tudo o que possa me ligar a este mundo e também não quero ver meu corpo o qual cuidei tanto ao longo da vida, se decompor. Tudo bem que essa tal de decomposição é uma lei natural, mas prefiro não ter o meu corpo na terra e no escuro, obrigada.
A doação de órgãos também é uma questão de escolha, mas me pergunto, porque não doar? Talvez o falecido não tivesse tempo de avisar que optara pela doação e os familiares acharam melhor “deixar o corpo em paz”. Ou talvez fora escolha do próprio falecido não doar, querendo, mesmo depois de morto, manter o que é seu consigo; egoísmo. Porque não fazer bem ao próximo sempre que possível?
Doando um coração você pode poupar mais choros nas salas de espera, mais um corpo se decompondo na terra fria e no escuro, e pode dar mais alguns ou muitos anos de vida a alguém que quem sabe faria grande diferença nesse mundo. Imagine-se podendo ser salvador do amor da vida de alguém? Ah, como minha morte seria mais feliz.
Como disse no início, é uma questão de escolha, mas as pessoas precisam se apegar menos ao material e saber que nada se leva dessa vida a não ser a evolução.
Seja em vida, seja em morte, é preciso fazer a diferença!

Assuntos Complexos

Sempre tive um interesse a mais por assuntos complexos. Deve ser talvez por eu ter, desde algum tempo atrás opinião formada para a maioria das coisas. Não que eu seja constante com as minhas teorias, mas alguns assuntos me chamam tanta atenção que dedico tempo integral até chegar a uma conclusão perfeita. Mas sempre acabo acrescentando complementos cada vez que me é pedido respostas.
Julgo como o meu assunto complexo favorito o amor. E para mim ele também é o mais abrangente. Quero deixar claro que o amor o qual eu estou me referindo é o que se sente entre almas gêmeas. Entre tantas teorias a do amor é a mais difícil, incompleta e ao mesmo tempo fácil e completa. Porque o amor é assim; uma contradição.
É difícil porque é desconhecido até o momento em que se sente, e tudo o que é desconhecido desencadeia uma série de emoções como o medo, dúvida, afobação e cautela. No início o amor é arrebatador. Ele não avisa quando vai chegar e por isso quando chega sua primeira reação é não saber lidar com ele, porque até então você só havia sentido a paixão que é tão mutável. E é isso que a diferencia do amor. O amor não é destruído nem modelado, ele só pode ser fortalecido e sentido. Você não o entende na maioria das vezes e isso te confunde tanto que você acha que a tristeza chegou quando na verdade é só o medo. Medo de não ser recíproco, de ser impossível ou até mesmo medo de não saber o que está sentindo.
Logo depois se descobre que o amor é fácil. Porque ele é simples. Antes, com aquela confusão e descobertas, você só o acha confuso, pois é algo novo, depois você passa a conhecê-lo e pronto; ele está ali, sempre firme e forte no seu peito. Sem oscilações e grandes mudanças. Isso o torna simples porque diferente de tudo na vida, ele dura eternamente, ele não diminui, apenas aumenta se for alimentado. Ele não exige surpresas porque um simples sorriso dos amantes já o irradia de felicidade. A simplicidade o basta.
O amor não precisa de complementos. Ele já envolve tudo o que precisamos. Ele já é completo por si só.
Porem isso tudo o que eu escrevi está incompleto, porque como posso descrever algo que nunca senti? Eu nunca amei e numa fui amada e isso não é triste, porque com a maioria de nós é assim. Esse amor, puro, de alma gêmea é muito difícil de se encontrar. Espero um dia por achá-lo ou ele me achar. Mas não vou ficar procurando só vou deixar a vida fazer o seu trabalho porque o que tiver que ser meu está guardado e só uma coisa irá trazê-lo: o tempo!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ame cada vez mais, espere cada vez menos.