quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Trecho 3

-Eu não poderia suportar mais tempo longe do seu toque ou me privar das suas palavras. É como se fosse meu oxigênio pessoal, minha salvação. Você se tornou como uma droga para mim Annie, é impossível passar os dias sem receber uma dose sua. E eu sempre quero mais. Eu juro que tentei fugir, com todas as minhas forças e Deus sabe, ô sabe, os quão grandes elas são. Mas parecia ser em vão. Eu estava lutando contra a maré que a sua existência me enviou, e nós não podemos lutar contra a maré. Quando eu resolvi me deixar levar pela a correnteza me senti egoísta. Como eu poderia lhe envolver na minha vida? Porem, eu sabia, era tarde demais, desde a primeira vez que nos vimos foi selado o fato de que nossas vidas estariam entrelaçadas e de que certa maneira ela viria a se tornar uma só.

Trecho 2

Eu já devia estar no meu décimo cigarro. Era inevitável e ao mesmo tempo insuportável... minha garganta queimava. Eu só estava à procura de algo que me detraísse, apelava para tudo. Era uma droga, estava uma droga. Eu parecia estar na beira de um abismo e com qualquer mudança do vento eu me jogaria. Só que quando eu começava a cair, eu voltava, como se o tempo voltasse. Parecia ser o abismo para a loucura. Apesar de agora a loucura me parecer atraente.

Trecho do meu livro

Ouvi passos no corredor e mesmo sabendo que não poderia ser visto preparei um impulso para voltar à posição normal. Meus olhos primeiramente só capturaram o flash de uma figura por causa do movimento. Estaquei e voltei para observar o que tinha entrado na sala. Creio que nunca saberei o que me fez voltar. Acho que foi um impulso, maior do que o qual eu havia exercido sob minhas costas para subir de volta ao telhado. Meus olhos se crisparam e se não fosse um reflexo eu teria deixado o cigarro na minha boca cair devido à posição que esta ficou. Uma mulher estava encostada na porta que acabara de fechar. Seus cabelos eram loiros ou ruivos? Nem com a minha inumana visão eu consegui distinguir. Pude perceber largos e grandes cachos caindo até a cintura. Ela abriu os olhos inesperadamente, me assustando. O que me irritou profundamente, porque eu nunca era assustado. Azuis. Nem mesmo os meus poderiam ser tão vivos e profundos. Não me permitindo uma observação mais completa devido à inoportuna lentidão do meu cérebro, ela saiu da sala.

Descrição - Avalon

A grama parecia ter sido pintada à tinta óleo verde. Não havia ninguém naquele lugar que seria pago para regá-la, a natureza se encarregava disso. O sol se punha fazendo sombras sobre as pedras circulares. Estas eram seis, altas, finas e antigas, muito antigas, mas sem nenhuma rachadura. Uma suave brisa corria sobre o Tor e ao olhar para baixo, viam-se flores, carvalhos e macieiras cobertas de pequenos frutos. A Casa das Moças se encontrava a esquerda, perto do lago onde se caçava alguns peixes. Trilhas de pedras se estendiam até a pequena casa da Senhora do Lago e de lá parecia sair uma luz intensa, como se algo quisesse mostrar o tamanho de sua magnitude.
Era Avalon, a ilha em Glanstobury escondida pelas brumas e desacreditada pelos padres e seu Deus. Essa não era a Ilha do seu Deus cristão, mas da Grande Mãe pagã, a Deusa e era lá em algum lugar no meio de todas as belezas que se encontrava o pequeno corpo da Fada Morgana e o seu Rei Arthur.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Há algum tempo, se atos tivessem sido evitados, minha vida teria tomado um rumo diferente. Um rumo que eu não sei se faria algum sentido, nem se me traria tanto aprendizado e me proporcionaria tamanha felicidade. Há algum tempo eu descobri que a vida poderia ser mais do que uma simples aventura, uma mudança de pessoas e lugares. Descobri que a vida poderia ser a mesma, mas com complementos de extraordinária importância.
Não ouso dizer que sou completamente realizada e feliz, mas que sou alegre, pois felicidade é algo que atinge a plenitude da alma e que nada pode te aborrecer e infelizmente eu me aborreço fácil. Realização, não, eu não espero isso agora, tolos são aqueles que a esperam tão novos. Mas posso garantir que o que vivi esses anos valeu a pena e realizei na medida do possível meus mais íntimos sonhos.
Já pensei em várias fórmulas, levantei hipóteses. Tentei fugir, correr e sumir. Procuro respostas para perguntas antigas. Meu amor adormece e eu não quero que ele acorde. Mas acontece. Bruscamente sou afastada do meu estado de inércia. Como sempre estou assustada, confusa com as minhas fórmulas. Afinal, elas nem sempre dão um resultado lógico. Na maioria das vezes só servem para me confundirem mais. Há horas que acho que enlouqueci. Nada mais importa e eu não quero mais o que queria antes. Então, meu resultado sempre tão óbvio para os outros choca-se contra mim causando grande alvoroço.
O amor não é confuso, ele é tão certo e verdadeiro que você sabe o que quer. Pensamentos me dominam, até que chego a conclusão; eu nunca amei ninguém e me parece que vai ser sempre assim.
[...]Não é fácil se apaixonar. O amor sim é mais fácil. A paixão é arrebatadora, sofredora e confusa. Mutável de todas as formas, a cada dia está de um jeito. Uma hora ela parece nem existir, mas na outra é tão forte e violenta que parece que estou em ondas prestes a me afogar. A incerteza sempre toma conta de mim, a impulsão não me deixa racional. A paixão é algo incerto, não se tem certeza de como começa ou de como termina. Ela involuntariamente vem e a única coisa que você pode fazer é aceita-la da melhor maneira que te convêm. Você quer morrer por não ter essa pessoa ao seu lado, mas quer viver para poder ver ela mais um dia e poder dizer que ela é a sua vida e sua segurança naquele momento. Por mais que ela te deixe zangada ou magoada. Porque na maioria das vezes os momentos são de felicidade, brincadeira, compreensão e cumplicidade. Acima de tudo, a paixão é hermética[...]