quarta-feira, 14 de julho de 2010

01/03/2009

Os mais velhos vão achar isso algo tolo demais, fraco demais, infantil demais. Não que isso realmente me importe. Os mais novos já vão ter como opinião que isso é algo muito sério e complicado para se sentir. Mas, para os da minha idade isso pode parecer absolutamente normal e ás vezes banal.
O que estou sentindo agora é totalmente diferente do amor imaturo que eu senti ao dar o meu primeiro beijo ou ao iniciar o meu primeiro namoro. Também é totalmente diferente do que minha mãe sentiu ao dizer sim no altar para meu pai.
É um amor em construção, uma paixão em evolução. E isso está fugindo do meu controle, eu não pretendia deixá-la se expandir e se apoderar tanto de mim. Eu queria poder controlá-la e dizer a ela quando parar. Eu diria para parar agora. Porque começou a machucar e por mais saudável que esse sentimento fosse antes, agora já não é mais. Agora virou algo maio intocável, algo cortante.
Não há palavras que possam ter o poder de descrever o que estou sentido. Essas coisas a gente apenas descobre e tem noção de como é quando se sente. Parece que você está em um jogo de tortura e são várias facas te perfurando. Perfurando. Elas não param, elas estão em movimento constante, estão entrando e saindo, impedindo uma possível cicatrização. Entra, sai e sangra muito.
Chega uma hora que a dor é tanta que você implora pela morte, porque qualquer coisa deve ser melhor do que essa dor. Você reza, mas Deus parece não lhe atender. Você continua pedindo encarecidamente para parar de sangrar e doer. De repente você perde os sentidos e passa a viver pelo instinto. Dormir, comer, beber e dormir. Você percebe que entrou em um estado de inércia, as facas não te machucam mais. Porque você simplesmente não se importa com nada!
Há horas que você precisa ver a pessoa que tanto te atormenta e todo aquele inferno do início volta. A dor está de volta. E você continua nesse circulo vicioso de dor e inércia até que uma hora o tempo lhe obriga a acostumar com a dor, a simplesmente aceita-la, não a entendê-la.
Você continua assim até o tempo lhe fazer perceber que existem alternativas. São três. Você pode ficar onde está sem sentir nada, nem amor, nem ódio e nem carinho. Você pode também atravessar as primeiras facas e ficar em um espaço em cores confusas, onde só existe a incerteza e a loucura. Mas não existe a dor. Ou você pode passar por essas duas fases e resolver atravessar as segundas facas. Você vai sofrer tudo de novo e vai passar por tudo o que já passou só que mais intensamente. Numa inspiração de coragem que o tempo trará você vai atravessar as facas ficando muito ferida e com muitos buracos abertos, mas eles vão cicatrizar. Eles vão se fechar e não você não vai mais sangrar.
Você vai estar curada. Não totalmente. Ás vezes vai haver momentos que seus movimentos o farão doer. E sempre vão existir cicatrizes. Você vai chegar à conclusão de que não esqueceu essa dor, esse amor, porque como vamos esquecer algo o qual nos fez suar tanto? Não tem como. Você apenas aprendeu a guardar as lembranças e tê-las longe do pensamento.
Ao fechar os olhos você também se da conta de que sempre existirão novas facas a amores, porque você ainda é muito nova e ainda tem muito que aprender. Com mais maturidade adquirida você vai trilhando o seu caminho e construindo um grande amor que possa ser recíproco, com uma pessoa que valha a pena, mais para frente, você dizer sim no altar assim como sua mãe disse para seu pai no início dessa história. As facas vão continuar ali, sempre apontadas para você, mas sua única escolha na verdade foi por quem valeria a pena realmente enfrentar tudo isso.

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