Sinceramente não sei o que me levou a começar escrever hoje. Não que eu não goste de escrever, porque aos catorze anos havia decidido que seria escritora. Uma verdadeira Tolkien – torço para estar á altura –. Resumidamente, nunca me pareceu atraente escrever as minhas próprias memórias. Penso que esse mundo o qual vivemos não tem o devido merecimento que os mundos precisam ter para serem narrados, por exemplo, sempre quando um livro é verdadeiramente bom, bom de verdade eu digo, o qual todas as pessoas compram, precisam de algo que seja “fantasiado”. Mas eu não pretendo “fantasiar” nada escrito aqui, a não ser que você leve em conta as “fantasias” criadas no íntimo de uma cabeça de dezesseis anos, mas eu posso jurar dar a minha palavra, que essas “fantasias” vão poder ser reconhecidas e distinguidas da realidade, da dura e chata realidade.
Eu odeio o dia de hoje. Na verdade passei a odiar a partir desse ano. O decorrer do dia não foi desagradável, tirando o aperto no coração dado minuto após minuto. Mas eu odeio realmente o que aconteceu há um ano atrás. Exatamente um ano atrás.
Nesse dia o qual tanto me pesa, eu dei o meu último beijo. Tudo bem, eu não estou há um ano sem beijar, isso seria terrível! Mas bom, foi o último beijo o qual eu senti que amava alguém. Amava de verdade, algo que eu nem cheguei a sentir com o decorrer de um namoro de quase três anos. Senti algo tão grande para um relacionamento, se assim posso dizer, de seis meses. Tanto em tão pouco tempo. Mas as coisas são assim comigo, tudo muito rápido. Às vezes chega a assustar.
Lembro da última coisa que o amado até então disse...
“- Você foi muito especial para mim e tenho certeza de que você sabe disso. Te adoro e acho que isso não vai mudar.”
O problema era esse. Ele me adorava e eu o amava. O tempo passa e as coisas mudam, sempre mudam e sempre se curam. E eu estou curada. Cheguei às vezes a pensar que havia sido curada por alguém e que era à hora de usar a famosa frase da minha querida bonequinha de luxo Audrey Hepbrun no filme “Sabrina”
“- Estou curada, mas como esquecer a cura?”
Pura ilusão. Eu havia me curado por mim mesma, pelo meu amor a vida e pela a minha vontade de ser feliz, mais uma vez. A vontade que sempre me foi maior; a de vencer.
Ilusão das grandes, assim como a ilusão do amor. Esse sentimento tem esse gosto, adora pregar peças, está sempre fingindo que chegou sua hora de ser colocado para fora, e nós bobos assim acreditamos e depois de um tempo, quando descobrimos que não era amor, nos sentimos mais bobos ainda. Mesmo assim não aprendemos, tanto é que não acredito na frase “É com os erros que se aprende.” Acredito que se aprende quando está afim e disposto. Você pode comer mil chocolates por dia e ver que está engordando, que semana que vem, quando bater aquele desejo de chocolate, você vai novamente comer se assim quiser.
Nós sempre nos curamos no final, mas ferida, quando é das grandes, sempre deixa marcas, cicatrizes mesmo que pequenas. E elas às vezes incomodam, mas afinal, não é pra tanto, se você tem uma cicatriz é porque já sentiu dores piores do que um incômodo.
Agora me vejo novamente, na mesma época do ano, querendo ser tapeada pelo amor. Mas eu aprendi, não com o erro, porque cheguei a crer isso muitas outras vezes antes e depois, mas com o meu adquirido conhecimento interior. Hoje, sei que sou muito nova e que as coisas nessa fase sempre vão me parecer muito extremistas e intensas. Tanto amores como dores. E também sei que é inevitável, mesmo sabendo disso, na hora do êxtase deixar de pensar que ama o fulano. Porque como eu já disse, o amor é um brincalhão.
Nesse exato momento o meu esforço não está concentrado em digitar corretamente essas letras para que alguém possa ler, mas em manter pensamentos que não vão me levar a nada, fora da minha cabeça. Tentar manter a cabeça no lugar e ver que isso tudo vai passar e pode ser que daqui a um mês eu acorde e pense em como fui imatura ao pensar que o tal era meu amor.
Na verdade não somos crianças, somos apenas sonhadoras de plantão. Sonhamos com as coisas que vemos em tantos lindos filmes, sem lembrar que não são verdades, são apenas ilusões para nos entreter e mesmo que sem querer, nos chatear. Quantas vezes já me peguei deprimida por saber que alguém nunca faria algo que Nelson fez pela Sara no filme “Doce Novembro”? Mesmo pelo o absurdo de saber que eu não teria um amor o qual eu tivesse que morrer e ele idem como Romeu e Julieta, porque para mim, são essas histórias que merecem serem contadas, não simples fatos de paixonites.
Com o tempo fui percebendo que eu passeara a criar um filme para a minha própria vida, que eu na verdade estava vivendo somente em função de mim, e não pensando na perspectiva a qual as pessoas viam a minha vida. Fazia, falava e agia como as minhas heroínas cinematográficas e esperava que o meu companheiro agisse assim como os meus heróis. Era sempre uma pontada de desapontamento quando eu ouvia algo como “Você é especial.” Quanta besteira e falsidade há nessa frase seja para quem foi dita. Todos nós somos especiais, ninguém é igual, então todos são diferenciados e possuem qualidades e defeitos que os outros não possuem!
Com tanto desapontamento e reclamações, no auge da profunda depressão ( como em esse trecho ) criei a minha mais desconfortável teoria.
“Ninguém nunca vai ser mais importante para você do que você é para si mesmo.”
Podemos viver sem ninguém, mesmo que seja no estado mais deplorável, mas o ar ainda vai para os nossos pulmões e o coração ainda bombeará nosso sangue. Porem você não é capaz de existir nesse mundo, sem seu corpo, sua presença e seu espírito.
Essa teoria às vezes me dificulta a dormir.
Ai Lara, você realmente é muito doida. com certeza, você
ResponderExcluirvi fazer mais sucesso do que o Tolkien